BICICLETADA - AGOSTO

Fala galera!

Já são muitas vitórias que estamos conquistando, a última foi a apresentação da Prefeitura de Jundiaí de um Plano Cicloviário para a cidade, prevendo a construção de 25km de ciclovias em 5 anos; mas não sem antes termos nos manifestado! Mas estas conquistas devem servir-nos como uma forma de instigação, onde iremos cada vez mais reivindicar nossas propostas para solucionar os problemas da cidade!

Dia: 28/08
Horário: 16hs
Local: Av. 9 de Julho (embaixo do viaduto)

Vamos pedalar pessoal! Traga um amigo!
Até lá

A sustentabilidade vem a pé, de ônibus ou bicicleta - Entrevista com Carla Chifos


Dissociar uma cidade de seus aspectos ambientais é missão impossível. Transformar-se em uma cidade sustentável - com desenvolvimento econômico, sem, contudo, dar as costas ao meio ambiente - é o novo desafio mundial. As observações são da doutora em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade de Cornell e professora da Escola de Planejamento da Universidade de Cincinnati, ambas nos Estados Unidos, Carla Chifos em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, 13-09-2009. Segundo ela, para ser sustentável, as cidades precisam convencer os cidadãos a deixarem seus carros em casa.

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Quando surgiu o conceito da cidade sustentável nos Estados Unidos?

Nós começamos a ver pessoas interessadas nessa ideia provavelmente a partir da década de 1990. As iniciativas não eram governamentais. Na realidade, foram atitudes e atividades individuais que disseminaram essa ideia, pensando em fazê-la funcionar na vizinhança, na comunidade. Aos poucos, a importância cresceu até que recebeu o apoio e participação governamental.

Qual sua opinião sobre Curitiba, visto que a cidade é bastante reconhecida por seu planejamento urbano fora do país?

Eu concordo em muitos aspectos que Curitiba tem bom planejamento urbano. Planejar a cidade ainda não é visto como algo sério pelos cidadãos, nem mesmo se trata de uma profissão em que somos muito ouvidos. Vejo coisas aqui que não se vê com frequência em outras cidades. Existe discussão sobre planejamento urbano: as pessoas falam sobre isso. Isso está certamente ligado com a história do planejamento, visando a sustentabilidade. E eu acredito que Curitiba tem ideias fantásticas em uma comparação com ou¬¬tros lugares - não existe e nem irá existir cidade perfeita. O primeiro passo Curitiba já deu: fazer com que a população participe dessas discussões.

O metrô pode tornar Curitiba mais sustentável?

Não sou especialista em metrô. Mas é muito importante pensar na melhoria do transporte público, fazendo com que as pessoas deixem de usar os seus carros. É um princípio básico: quanto menos carros, melhor é. Em uma cidade sustentável, tentamos reduzir a poluição e a emissão de gases poluentes. Também tentamos incrementar o acesso do transporte público a lugares onde exista essa falha. É inegável, contudo, que os carros são o principal problema da cidade. Não importa qual seja o meio de transporte - trem, metrô, ônibus ou bicicleta -, ele é mais benéfico para a cidade do que o carro.

O uso excessivo do carro também é um problema dos Estados Unidos?

É um grande problema americano. O sistema de transporte é muito ruim na maior parte das cidades. Nas grandes cidades, como Los Angeles, Chicago ou Seattle, ele é muito eficiente. Nas cidades de médio porte, não temos metrô ou trens, e os ônibus não são muito confortáveis, deixando de atender determinadas regiões. Por isso quem pode compra o carro, por uma questão de conforto. E é um benefício da maior parte das pessoas, porque é um bem bastante barato.

Baseada em sua experiência, qual é a sua visão a respeito de outras cidades brasileiras?

Vou responder baseado no que vivi há alguns anos em outras cidades, como Recife. Há muitos carros e, consequentemente, muito trânsito. E isso é um grande problema do Recife.

E São Paulo?

Eu conheço São Paulo. Perdi horas no trânsito. Os centros históricos das cidades brasileiras são muito interessantes. Mas têm uma aparência decadente. No Recife, era um dos problemas em que estávamos trabalhando. Em outra oportunidade, trouxe estudantes dos Estados Unidos para pensarmos como melhorar a questão. Fazer com que esses centros históricos se tornem espaços atrativos. Isso faz parte da ideia da cidade sustentável: encontrar maneiras de usar os espaços que já temos.

Existem acertos nas cidades brasileiras?

Penso que, em Curitiba, a ênfase no sistema de transporte e o corredor para os ônibus são excelentes ideias. No Recife, eles têm a cultura de integração histórica com o plano metropolitano, o que considero muito importante também. Faz parte da cidade sustentável respeitar sua história. Enfim, valorizar a identidade.

Curitiba será uma das sedes para a Copa do Mundo de 2014. A cidade precisa evoluir em que aspectos?

Muitas cidades encontraram dificuldades para colher benefícios longo tempo depois do evento. Existem exemplos claros nos Estados Unidos. A Copa deve ser tratada como oportunidade única para angariar verbas e construir importantes projetos de infraestrutura. Isso requer, porém, visão de longo prazo, um planejamento. Se o plano prevê fazer coisas bonitas para o evento, sem pensar em como as construções serão usadas depois de dez anos, estará fadado ao fracasso. Nesse pensamento incluo os novos meios de transporte, se serão efetivamente usados e mantidos da forma adequada após o evento. Esse é o desafio. E é muito difícil. Várias cidades que sediaram eventos importantes nos Estados Unidos tiveram suas finanças sugadas para isso, mas, para o povo, não houve benefícios ou legado.

É possível planejar uma cidade para um evento como a Copa em cinco ou seis anos?

Sim. Talvez em cinco anos seja possível fazer muitas coisas. É preciso pensar rápido e aproveitar as oportunidades de dinheiro e interesse político para fazer as ideias saírem do papel.


Retirado de http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=25685 em 01/10/09